segunda-feira, 28 de junho de 2010

The Addiction (Abel Ferrara, 1995) - 9



Não tem como negar que dos filmes do gênero que vi, esse é o que utiliza o discurso mais profundo, mais forte, para tratar do que deve ser o maior dilema dessas criaturas: o alivio do vício em troca de um sacrificio humano. E para tentar responder o Ferrara vai fundo na essência humana, e cavocando nisso o que se revela é algo podre, assustador, e apesar da possibilidade de respostas não ser única, pelo menos é desanimadora na maioria das vezes. O vício abre os olhos, faz com que eles enxerguem o mundo com a insensibilidade que ele merece, que ajam com a frieza que se faz necessário. Isso aqui trás uma das metáforas mais fortes em relação a necessidade de causar o mal, se somos seres essencialmente inclinados pra isso, não seria hipocrisia se esquivar desse sentimento? E será que realmente não somos? E quando digo "ser", é de forma para generalizar a espécie. E nada melhor do que materializar isso com o simbolismo mais óbvio e ainda o mais impactante da vida e morte, o sangue. E o Ferrara realmente valoriza o sangue aqui, o evidência com uma coloração ardida que se destaca mesmo naquela sensacional fotografia em preto e branco. Sim, o discurso desse filme é forte, é interessente, atemporal e não se limita apenas ao tema especificio, ele é muito mais um despidor (wtf?) da alma, essência, que cada um carrega. E isso é muito bom. Agora o que realmente faz eu adorar é esse tom febril para caracterizar o vício, o Ferrara injeta dor neles, faz sofrer, mostra com violência ainda não vista os poréns de aceitar esse ritual, de aceitar a imortalidade, e o que é viver precisando de sangue, consequentemente, de vida, morte. A participação apesar de curta do Chris Walken já seria o suficiente pra colocar o cara no Hall dos melhores atores que pisaram nessa latrina.

Quando Chega a Escuridão (Katherine Bigelow, 1987) - 9,5


Quem diria que seria uma mulher (tri preconceituoso :B) que daria o foda-se mais sensacional aquela mitologia classuda e elegante que é a dos vampiros. Não que eles não tenham classe, apenas a utilizam de forma não tradicional. Aqui eles são bagaceiros, arrotam depois de uma sugada de sangue, lambem os dedos, são como motoqueiros de estrada que tem a imortalidade como aliada, daquele tipo que vão detonando tudo por onde passam com correntes de ferro (só que nesse aqui eles vão de colt e 12 mesmo). Quando o moleque texano é mordido e forçado a entrar pro grupo, eles dão como prazo uma semana para que ele tome coragem e comece a matar pessoas para beber de seu sangue, já que eles não teriam a mínima possibilidade de carregar consigo um cara que ainda estivesse preso a esse tipo de ética mortal. E o foda do filme é justamente isso, a imortalidade, e consequentemente, o afastamento deles com qualquer preocupação que se relacione a finitude, faz com que eles adquiram um pensamento de foda-se mesmo, de diversão all time, e transformem aqueles asfaltos no seus playground particular. O moleque no inicio sente uma repulsa totalmente justificável ao ato de matar para se alimentar, mas conforme o tempo passa, e conforme o afastamento dele com sua raça de origem vai ficando mais evidente, esse tipo de preocupação também vai ficando para trás, é só ver a felicidade dele depois que se safam daquele ataque em certo lugar, mesmo com todo o rastro de morte que deixaram. A imagem de humanos como carne, como gado, como um ser inferior que está aí apenas para te alimentar, vai fazendo cada vez mais sentido. E o que faz a Bigelow ser merecedora de jatos de porra na cara é que essa filha da puta consegue fazer com que nós adquiramos a mesma sensação deles. Os vampiros se divertem tanto à caça de seus quitutes, brincando com a comida, tocando o pavor por onde passam, que fica impossível não se divertir a beça junto. Pelo menos nesse universo que ela criou, o legal são os vampiros, e humanos são apenas fonte de alimento mesmo. Quem não riu horrores na cena do bar? Sério, aquilo é divertido demais, tu quer mesmo é que eles toquem o terror, essa cena aí é a melhor que eu já vi em um filme do gênero. E o Bill Paxton deveria receber todos os prêmios da época, o cara ta sensacional.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Top 2010




01. Ilha do Medo - 9,5
02. Mother - 9,5
03. Zumbilândia - 9
04. A Estrada - 8,5
05. O Escritor Fantasma - 8,5
06. Tudo Pode Dar Certo - 8,5
07. Homem de Ferro 2 - 8,5
08. Um Homem Sério - 8
09. O Livro de Eli - 8
10. Amor Sem Escalas - 7,5
11. A Fita Branca - 7,5
12. Onde Vivem os Monstros - 6,5
13. Sherlock Holmes - 6
14. Nova York, eu te amo - 5,5
15. Um Olhar do Paraíso - 4,5
16. Uma Noite Fora de Série - 4,5
17. Sex and the City 2 - 2


(esse da foto, A Estrada, foi a maior surpresa que eu tive esse ano, totalmente positiva).

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vistos/Revistos




Sex and The City 2 (Michael Patrick King, 2010) - 2


Bah... O mais legal do seriado era justamente a amizade das quatro, e nesse aqui isso parece tão distante, tão fraco e superficialmente explorado (poucas vezes realmente focam nisso de forma mais bacaninha, como a cena da foto). O filme praticamente foca em uns dramas pessoais bem bobildos, como o da Charlotte preocupada com a babá gostosona e a Carrie em uma TPM quase que eterna, e isso pq o cara decide relaxar no sofá. A mulher ta um porre, a Miranda não existe nesse, e a Samanta até que tenta salvar o dia, mas não é o suficiente. Incrível como tudo é praticamente bem mais desinteressante do que o apresentado no seriado. E falando em superficial, nossa, deprimente a execução do lance de "mulheres, libertem-se da tirania dos seus machos!" e como fazer isso? se entupindo de Dolce & Gabbana e Armani. Nada contra filmes fúteis, desde que eles não sejam apenas isso.





Tudo Pode Dar Certo (Woody Allen, 2009) - 8,5


Baita Allen. Sei lá o que o pessoal tem contra os filmes do cara dessa década, pra mim ainda são ótimos, e esse aqui só confirma. O Allen reconstrói toda sua persona já exaustivamente encarnada e eleva o negativismo, o pessimismo e o rabugentismo pra um nível insuperável. O Larry David aqui é apenas o lado podre do Allen, o vômito dele, o cara colocando pra fora toda a mediocridade que ele enxerga na sociedade, a incoerência emocional, e etc. E o Allen fala pra platéia, apontando o dedo pra cara. Tem como não curtir um personagem assim? Nem tem.





Tragam-me A Cabeça De Alfredo Garcia (Sam Peckinpah, 1974) - 9,5


Primeira metade o Peckinpah faz um road movie delicioso, do cara e sua garota partindo pela estrada em busca da cabeça que lhe fariam ricos, e a condução disso é sensacional. Ele cria um romance latino apaixonante por aqueles asfaltos, criando um questionamento bem razoável de que se realmente o destino da viagem é tão necessário e válido (daquele tipo se eles já não têm tudo do que precisam e blábláblás). E quando finalmente chegam, e a merda acontece, vira uma carnificina pra macho, um filme de vingança pra ser pego como exemplo. São muitos filmes e axplorarem esses dois sentimentos, amor e vingança, mas dos que assisti, esse é o que consegue ser o mais intenso em ambas as partes.





A Centópeia Humana (Tom Six, 2010) - 7


Pra mim se saiu muito bem, já que conseguiu atingir a proposta: é revoltante e angustiante a maioria do tempo. E o mais legal é a personalidade totalmente surtada do doutor, um psicopa doentio que causa calafrios mesmo.





Pagando Bem, Que Mal Tem? (Kevin Smith, 2008) - 5,5


Me decepcionou um pouco, principalmente sendo uma comédia de quem é. Começa muito bem, momentos engraçadissímos (star wars), mas depois que o filme descamba pro emocional, que o sentimento é envolvido... bah, cai muito, e fica por aí. Bacaninha, e só.





Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry, 2004) - 8,5


Melhorou ainda mais nessa revisada. É comovente mesmo ver as lembranças sendo destruídas na mesma proporção em que o arrependimento pelo ato vai crescendo, angusitante. E como reflexo disso um dos romances mais bonitos e espirituosos da década passada.





Fuga de Nova York (John Carpenter, 1981) - 9,5


Não lembrava que era tão bom! eu sempre coloquei o L.A. muito na frente desse, mas agora ambos estão quase pau a pau (mas L.A. ainda tem uma pequena vantagem). Putz, a foto disso aqui é monstruosa, o Carpenter transforma aquela Nova York em um bueiro mesmo, e a cena das pessoas saindo do chão é pra soltar gozinhos.





O Exterminador do Futuro 2 (James Cameron, 1991) - 10


Esse eu não vou enjoar nunca. O tio Schwarza cria o fodidão mais cool ever, e o mais legal é que ele pode colocar toda essa fodidozidade contra uma das ameaças mais fodas ever, que é o T1000. Não fica desproporcional, é o confronto de dois gigante detonando tudo pela cidade, é ogro demais isso aqui. E o que faz eu curtir bem mais esse do que o primeiro é uma coisa muito simples: o humor. No primeiro o Terminator é algo bem mais sério, bem mais focado, bem menos espirituoso, já nesse não, o governador sabe que é foda e faz questão de demonstrar isso o tempo todo. E que trilha, pqp.





Madrugada dos Mortos (Zack Snyder, 2004) - 9,5


Só a abertura com o som do Cash já vale o filme, mas ainda tem também uma faceta bem bacana e não tão explorada no filme de 78: a numerosidade dos sobreviventes no shopping faz o cara criar uns draminhas bem bacanas no meio da selvageria. Se no filme do Romero ele concentra toda a carga nos personagens principais, aqui o Znyder prefere brincar com o estereotipo, tratando cada um de forma superficial até, e apostando todas as fichas que o ambiente (mundo atacado por zumbis) é que dite a força aos personagens. São pessoas comum, vivendo suas vidas comuns em um ambiente cercado por mortos-vivos, e a idéia por si só já é divertida, e no filme fica também. Claro que não tem toda a profundidade criada pelo original, esse aqui é bem mais leve e em tom de brincadeira, mas diverte muito também.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Say hello to my litte friend, putos




Ok, agora que vou usar o blog pra falar de qualquer merda que não necessariamente o cinema, vou estrear essa merda com um assunto chato pra cacete: pessoas que escutam música em ônibus, sem fones de ouvido. Esses filhas da puta mereciam dar um olá para o amigo do nosso amigo acima, simples assim. Pessoas que falam alto no celular, ou que deixam os toques do mesmo com uma certa altura, já deveriam ser punidas, mas enfim, isso pode ser apenas uma opinião um pouco extrema de quem odeia ser distraído com qualquer coisa que não seja a imagem corrida pelas janelas. Mas aí o individuo pegar seu objeto de comunicação, aumentar o volume ao máximo para que ele supere o barulho do motor (filha da puta, eu realmente prefiro o som do motor), e obrigar TODOS em sua volta a escutarem aquele lixo de música em um ambiente fechado e, pior, em movimento... (claro, já que se não fosse por isso sempre restaria as janelas ou saídas de emergência). Ou quando vão pro fundo do ônibus cantar todas as músicas com o resto da maloqueirada, em uma sincronia e animação irritante. Isso não tem perdão. Pra isso não seria necessário um júri. Existem as testemunhas. Existem câmeras! Então por que não punir? O cobrador (que na minha visão otimista de mundo carregaria consigo um taco de baseball ou uma katana) chega e conversa:

- Senhor, o seu celular, por favor.
- Perdão?
- Seu celular, por favor.
- O que tem ele?
- Me entregue.
- Porque?
- Para que eu possa enfiar no seu ânus.
- No meu o que?!
- Ânus. Cu, senhor. Se não reconhecer a palavra.
- Mas seu filha da puta, ta dizendo que vai enfiar meu celular no meu cu, é?!
- O senhor também pode fazer por conta própria se preferir. Só deve se encarregar que ele penetre por completo. E se for dos modelos mais antigos, que a anteninha não fique para fora.
- Mas seu filho da puta, eu vou te mostrar...

E nesse momento o cobrador da um assobio e todos do ônibus se levantam, agarram o bagunceiro, e enfiam o motorola no rabo dele. E com a música tocando ainda, claro. Eu não me importaria em escutar Sorriso Maroto se esse estiver saindo do cu dessa pessoa.