terça-feira, 31 de maio de 2011

Batman Returns (Tim Burton, 1992)


Aqui muda tudo! Algumas pessoas tendem a pensar que quanto mais vilões colocarem em um filme, pior, já que o desenvolvimento de suas características podem ficar comprometidas. Eu discordo, não acho que essa regra exista, e esse aqui é o maior exemplo. Se por um lado apenas um vilão te da mais tempo pra esse desenvolvimento, por outro o fato deles dividirem esse tempo em cena te permite explorar apenas o grandioso de suas características, sem tanta enxeção de linguiça. Aqui a sensação que eu tive é que o Burton acerta em tudo. A Mulher Gato é o grande personagem dessa franquia. A atuação da Pfeiffer é algo espantoso, ela realmente pareceu encarnar um felino. Já o Pinguim fez o que eu esperava do Coringa, tem seus momentos de humor, mas não abdica de forma alguma da monstruosidade do personagem, ele cria um lunático nojento. E se eu condeno o Burton por um certo acanhamento estético que eu vi no primeiro Batman, aqui ele se redime totalmente. Ele tira algumas cenas antológicas, como a Mulher Gato na janela do seu quarto e atrás dela um letreiro luminoso escrito "Hell Here", ou Pinguim sendo carregado no final do filme por alguns outros pinguins até afundar com aquela forma monstruosa no esgoto. Enfim, esse aqui é sensacional mesmo, ainda vou rever os outros, mas por enquanto esse é o melhor Batman da franquia com uma boa vantagem.

Batman (Tim Burton, 1989)


Ficou óbvio que aqui não há divisão de protagonismo, o filme é do Coringa. E não quero dizer que ele quem rouba a cena ou não, na verdade discuto isso depois, mas o Coringa é o protagonista principal do filme. Aqui tem toda uma inversão de lógica que eu ainda não tinha visto. O herói é mostrado acho que depois de uns 10 minutos de filme, até lá ele foca totalmente no desenvolvimento do vilão. Exaltar o Coringa dessa forma pode ser interessante, até pq é disparadamente o melhor personagem de Batman, só que corre o risco de acontecer o que aconteceu aqui, a banalização. Antes do Coringa se transformar em Coringa a personalidade dele é bem desnecessária, nisso TDK acertou em cheio em mostrar o dele já tocando o terror em poucas e memoráveis cenas. Também o Coringa do Jack Nicholson oscila de momentos geniais para momentos banais, que parecem servir apenas para conduzir a história, e eu acho isso muito condenavel em se tratando do personagem em questão. Por incrível que pareça, eu acho que o personagem apenas engrandeceria se aparecesse menos. Se fosse construído e mostrado apenas em seus momentos antológicos. Da forma que foi acho que empobreceram ele em alguns aspectos. E sim, ele se aproxima bem mais do que eu esperaria de um Coringa em relação ao do Ledger, no sentido de se divertir o tempo todo, brincar o tempo todo e etc... Mas faltou algo fundamental: é muito pouco sombrio, muito pouco ameaçador. Nesse sentido acho que foram bem desrespeitosos com o personagem, em abordar apenas um lado dele, o nitidamente mais cômico. E fora que achei o Burton um pouco preso nesse, e o cara é um artista com uma característica muito particular, e mesmo que eu tenha minhas ressalvas quanto a isso, se ele se reprimir nesse aspecto não sobra muita coisa, vide Planeta dos Macacos. Não é ruim, muito longe disso, é muito bom filme. Mas bem inferior ao que eu guardava na minha lembrança.

domingo, 29 de maio de 2011

Filmes Vistos - Abril de 2011



Acabei esquecendo de colocar o do mês passado, então aí vai

01. Sucker Punch - Mundo Surreal (Zack Snyder) - 3/4
02. Máquina Mortifera 2 (Richard Dooner) - 3/4
03. Pânico (Wes Craven) - 3/4
04. Pânico 2 (Wes Craven) - 3/4
05. Heróis Fora de Órbita (Dean Parisot) - 2/4
06. Rastros de Ódio (John Ford) - 3/4
07. Pânico 3 (Wes Craven) - 3/4
08. Kairo (Kiyoshi Kurosawa) - 4/4
09. Pânico 4 (Wes Craven) - 3/4
10. Corra que a Policia Vem Aí! (David Zucker) - 2/4
11. Entrevista Com o Vampiro (Neil Jordan) - 3/4
12. A Invasora (Alexandre Bustillo, Julien Maury) - 4/4
13. Star Wars Episódio I: A Ameaça Fantasma (George Lucas) - 1/4
14. Thor (Kenneth Branagah) - 3/4

Melhor filme inédito do mês: A Invasora
Melhor filme revisto do mês: Kairo
Diretor do mês: Wes Craven

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Espelhos do Medo (Alexandre Aja, 2008)




Não entendo ser tão criticado. Ok que é inferior Viagem, Alta Tensão e Piranha, mas isso nem deveria ser considerado muito, pq esses três são OP.

Aqui é o Aja pela primeira vez brincando com o sobrenatural, e usando e abusando de um dos elementos mais clássicos nos filmes de terror: espelhos. Já em Alta Tensão se nota que o cara utiliza muito esse recurso e tem pleno domínio, então aqui ele pôde se esbaldar. Nas mãos de um diretor comum isso aqui se tornaria um antro de clichês bobildos, mas sorte que foi cair nas mãos do cara que hoje mais sabe criar tensão. É o medo vindo de todos os lados, de cada canto. Aqui é basicamente o Aja tentando te assustar a todo momento, e o filho da puta realmente consegue.

É, realmente, no quesito terror esse cara foi o dono da década passada.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Exterminador do Futuro 2 (James Cameron, 1991)




Parece que o gênero de ação é o mais imune a esse “mal das continuações”. Não que não existam tosqueiras, existem muitas, mas também é inegável que boa parte de sua força vem justamente delas. E esse é uma prova viva. Uma continuação que não é apenas melhor que o primeiro, mas sim muito melhor, e muito melhor do que o que já era um PUTA filme.

Se essa resenha tem que ser de coisa ogra, então não tem representante melhor. Tanto o filme quanto o ator e personagem. Desculpa Bruce McClane Willis, desculpa Sylvester Rambo Stallone, ou Mel Riggs Gibson, mas o grande fodidão desse gênero é nosso querido e amado Arnold governadorterminatormothafucker SSSSSCHWARZNEGGER! (eu não quero pesquisar se escrevi certo, até o nome desse sujeito é do caralho, gritem SCHWARZENEGGER [/zaber] aí na frente do PC, mesmo que saia todo tosco mesmo).

Escolhi falar desse filme mas também fiquei com medo pela responsabilidade. Esse é simplesmente o filme que eu mais assisti na minha vida. Foi o primeiro que assisti em uma telona de cinema. É certamente um dos meus preferidos de sempre. Então escrever sobre ele pra mim é particularmente difícil, porque não existe uma ceninha sequer que eu não assista com um sorrisão no rosto. Mas enfim, já que escolhi agora tenho que encarar a bronca.

Quando logo no inicio vemos ele entrando nu naquele bar, com aquele olhar robótico identificando cada ser humano por questões matemáticas, pra conseguir a roupa que mais se adéqüe ao corpo dele, parece que estamos diante do velho Terminator de antes. E aquela briga apenas amplifica essa sensação. Mas então surge um gesto. Que é a representação perfeita de todo o restante do filme. O divisor de águas, que imediatamente faz tu esquecer o outro e prestar atenção nesse com olhos totalmente diferentes, totalmente empolgados, e que na hora faz teu sorrisão ir até a testa e fica impossível não gritar um “caralho, agora tudo mundou!”. E isso acontece pouco antes dele ir embora desse bar, quando encara o dono que tentou atirar nele com uma shotgun (e teve essa arma roubada), cagadinho, tremendo praquele gigante ser imponente de interior metalizado. E quando o velho Terminator parece que vai manter os velhos hábitos, ele simplesmente pega aquele óculos escuro, põe no rosto, e monta na moto. E o rock and roll começa a incendiar ao fundo. Aí ta o grande diferencial pra mim. Terminator 2 já começa contrariando todas as probabilidades. Nós temos o Schawarzenegger (o representante máximo da ação, o representante máximo da ogritude), interpretando um robô, interpretando um robô deslocado do seu tempo, interpretando um robô deslocado do seu tempo com uma expressão praticamente engessada... E mesmo assim esse cara consegue pulsar carisma. Em apenas alguns minutos em cena ele praticamente destrói aquela imagem do exterminador frio e implacável do outro filme, pra algo que a gente pense “esse cara é FODA DEMAIS!”, e torcer desesperadamente por suas ações. Com um gesto. E eu acho que o cinema é realmente feito disso. O grande cinema pelo menos. É em pequenos gestos que toda a diferença pode ser feita.

E pra confrontar esse vulcão de fodidisse metálica temos o magricelo do Robert Patrick. Ah, mas aí a missão é ingrata. Porra, o cara é simplesmente um dos maiores heróis do cinema, pra rivalizar de forma parelha só com um dos melhores vilões... E pqp, o Cameron consegue de novo! O T-1000 não é só apenas um bom rival, mas sim o melhor possível. Um vilão monstruosamente implacável, que faz de sua ameaça algo realmente a se temer. O filme vira praticamente a mais insana e divertida perseguição de gato e rato da história do cinema, sendo que aqui esse gato e rato são dois cyborgues do futuro se digladiando por toda a cidade no confronto mais épico que eu já tenha visto. Seja naquela maravilhosa cena da perseguição do caminhão contra a moto. Ou no resgate da Sara Connor na cadeia (cara, ela saindo deslizando pelo chão do corredor em câmera lenta, ficando de frente ao monstro que atormentou cada noite de sono dela naquele hospício, enquanto ele levanta aquela shotgun e avança implacavelmente em direção dela, e do outro lado o T-1000 avançando mais imponente ainda, mais ameaçador... Ahh, porra, isso é épico, histórico, uma das cenas mais clássicas que essa arte proporcionou). Ou então a caçada final naquele inferno de lava, e quando tudo se resolve o Terminator revela que ainda existe uma ultima coisa a fazer. A coisa mais amarga naquela situação. E então como cena final temos aquele polegar levantando em positivo antes de desaparecer na lava... Putz. Sério, eu já devo ter visto esse filme umas 50 vezes (e não estou contando de forma exagerada, deve ser mais ou menos isso), e vez sim e vez não uma lágrima escorre quando aquele polegar se levanta. Mais um pequeno gesto. Um pequeno diferencial que difere um bom filme dos geniais, dos grandes, dos que realmente ficam marcados na história. E Terminator 2 é recheado disso.

Esse é o grande filme de ação de todos os tempos pra mim.