quarta-feira, 20 de abril de 2011

Kairo (Kiyoshi Kurosawa, 2001)


Quando eu penso em filmes é muito normal eu lembrar primeiramente de alguma cena, algum momento, alguma imagem que tenha cravado na minha retina. Minha memória cinematográfica normalmente é constituída por fragmentos de cinema (e por isso que eu tenho tanta dificuldade em escrever sobre filmes sem citar cenas ou imagens que me marcaram), e a partir daí eu sei o que eu realmente gosto mais. Kairo quebra essa regra. Quando eu penso nele não me vem primeiramente alguma cena boa (e existem várias), mas sim toda aquela atmosfera perturbadora. O conceito de cidade fantasma nunca foi aplicado de forma tão aterrorizante quanto nesse. Não existe uma enxurrada de espíritos, mas tu SENTE eles lá. E quero dar destaque no sentir justamente por ser o grande lance do filme. Tu sente muito clara a sensação dessa transição de espécies, esse passar de bastão. Como se estivesse na hora do ser físico ceder seu espaço para o dito metafisico. Quanto mais as pessoas vão desaparecendo e aquele mundo vai ficando abandonado, mais carregado ele fica. Isso é monstruoso, parece realmente que a câmera desse japa está filmando uma realidade morta. E outro elemento que não se pode deixar passar é aquela trilha. Ela escorre daquela caixa de som e te atinge como uma flecha. Vou ter que ser repetitivo de novo, mas não existe palavra melhor, ela é perturbadora.

Essa revisada só elevou esse filme no meu conceito (o que parecia difícil), realmente é o meu terror preferido. E o filme catástrofe definitivo.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Grandes Momentos: Os Imperdoáveis



Aqui pretendo postar uma cena de algum momento foda do cinema. Escolhi iniciar com esse até pra combinar com o top que acabei de fazer. Provavelmente como o próximo top vai ser de filmes de terror, coloco algum momento foda desse gênero.

Nem preciso dizer que tem spoilers, né? Pois bem, não custa nada: TEM SPOILER! Então só leia e assista o vídeo caso já tenha assistido ao filme.

SPOILER!!!!



Quando eu penso nesse puta filme a primeira coisa que me vem na cabeça é essa puta cena. Esse cara simplesmente vira um gigante quando quer. Ele parece engolir todos, deixar cada pessoa ao seu lado mais insignificante tamanha a presença em tela. E é por essas e outras que me fazem achar que até a morte deve ter pesadelos a noite em saber que um dia vai ter que ficar de cara com esse demônio, e quando finalmente esse momento chegar a palavra "IMPONÊNCIA" deveria estampar a lápide dele.

A cena inicia com Will Munny invadindo o bar carregando uma shotgun e puto da vida por encontrar o corpo do amigo amarrado na entrada.

Top Western

Algum tempo atrás, em um fórum que eu curtia muito e nem mais existe, uma galera se reuniu pra criar um top 10 de cada gênero do cinema (excluindo drama, já que esse é muito abrangente). O resultado foi bem legal. Foi muito tri montar aquele tipo de lista. Então vou repetir aqui. E começando com meu gênero preferido, provavelmente.

Então eis meu top 10 Western.


01. Pat Garrett & Billy the Kid (Sam Peckimpah, 1973)




02. Onde Começa o Inferno (Howard Hawks, 1959)




03. Meu Ódio Será Sua Herança (Sam Peckimpah, 1969)




04. Três Homens em Conflito (Sergio Leone, 1966)





05. Os Imperdoáveis (Clint Eastwood, 1992)




06. Rastros de Ódio (John Ford, 1956)




07. Era Uma Vez no Oeste (Sergio Leone, 1968)




08. Bravura Indômita (Joel Coen, 2010)




09. Johnny Guitar (Nicholas Ray, 1954)




10. Pistoleiros do Entardecer (Sam Peckimpah, 1962)

terça-feira, 5 de abril de 2011

Sucker Punch (Zack Snyder, 2011)





Vou dizer que fazia algum tempo que um filme não me deixava tão empolgado quanto esse. Não que ele seja absolutamente superior a tudo que eu tenha visto recentemente, não é o caso, mesmo sendo um ótimo filme. O que me empolgou mesmo foi esse clarão de inventividade e criatividade que eu pude ver nesse aqui. Eu realmente achei um dos filmes mais inventivos dos últimos tempos, tanto conceitualmente quanto visualmente.

O Snyder é um nerdzão. É só olhar as escolhas dele. Da pra notar que o cara é apaixonado por HQ's, por animes, pelo horror, por histórias fantásticas... E é justamente aqui que ele conseguiu concentrar todas as paixões dele para criar o filme que mais possibilite as suas características de cineasta (o que pra uns pode ser péssimo, eu descobri que adoro). Apesar da carreira curta da pra notar uma mão muito forte, um estilo muito característico. Um filme do Snyder é fácil de identificar, gostem ou não.

Aqui em Sucker Punch ele faz algo quase episódico. E entendo completamente isso sendo que é o primeiro roteiro original que ele próprio escreve. Como um apaixonado por diversos conteúdos de diversas mídias, a característica individual desse cara é justamente muito ampla. Guardada as devidas proporções (e muito bem guardadas), ele é quase um Tarantino bem mais extravagante e com referências bem mais populares e contemporâneas, totalmente engolido pelo que é apaixonado mas que mesmo assim não deixa empalidecer o próprio estilo. Sabem Kill Bill, que definindo simplóriamente é metade artes marciais e metade de uma elegância leonesca, um western em essência? Sucker Punch também é um filme picotado. Muito mais picotado na verdade. Recheado de material nerd episódicamente divididos.

Aqui ele recorre ao básico pra iniciar a história. É só pegar o lance dos 5 materiais a serem procurados. Isso é tão ingenuamente clichê, tão exaustivamente explorado seja em literatura, seja em games, em desenhos em o que for... E mesmo assim ele retrata com um grau de respeito absoluto. Colocando cada um dos itens no quadro, fazendo com que as meninas fiquem envolta os encarando com fascínio, como se estivessem diante de objetos místicos humanamente impossíveis de serem alcançados. A diferença é que aqui não são materiais sagrados ou imponentes como normalmente são mostrados, mas sim objetos simples e banais, de acordo com a realidade suja e corrompida que aquelas meninas vivem. Ele parte da premissa mais básica do que ele referência pra começar a destilar cada um dos elementos que é apaixonado. Primeiro vai até uma espécie de templo samurai, onde constrói uma das cenas de batalha mais empolgantes e visualmente legais que eu já assisti. Totalmente focado em animes de luta, conseguindo transpor aqueles movimentos ágeis que vemos nos desenhos de forma perfeita, idêntica, com os clichês da mídia e tudo mais (como aqueles rastros e pedras que o chão deixa quando o personagem é arremessado e vai deslizando por ele). Depois logo em seguida invade uma trincheira alemã, utilizando movimentos bem mais diretos, como remetendo algum game FPS ou apenas de tiro em terceira pessoa. Com um cenário explosivo e extremamente contemplativo por trás, mesmo em um cinza depressivo, desmoronando. Visualmente esse filme é fantástico. E logo a seguir caindo de cabeça em um ambiente totalmente remetido aos RPGs, seja de games, de papel ou enfim. E seja qual for o ambiente escolhido o cara sempre demonstra um domínio e um respeito pelo que aquele universo representa. Ele filma com autoridade, como alguém que é realmente apaixonado por esses diversos tipos de linguagem. E diga-se, nesses mundos a ação é frenética, empolgante, ininterrupta, não apenas um visual deslumbrante.

E quando se sai desse mundo e entramos naquela "realidade" cafona, onde as garotas passam de heroínas quase indestrutíveis para "frágeis" dançarinas eróticas, o filme também se mantém ótimo. E é justamente aí que ele sustenta a maioria das cenas que realmente causam alguma tensão. Já que o universo que elas inventam na cabeça, por mais teoricamente mais ameaçador que possa parecer, é bem mais florido que a realidade que elas vivem. Onde cada homem daquele cabaré é retratado como um ser repugnante, desprezível. O que só ajuda a deixar mais acertada a opção de não mostrar em momento algum o tipo de dança da protagonista, já que por mais banais que sejam as ações delas naquele ambiente (dançar, conseguir um isqueiro, uma faca, etc), pelo menos em suas cabeças possuem uma importância épica devido a emergência de saírem daquele lugar.

E o fetichismo do Snyder também não é nada mirabolante ou vulgar. Não achei o filme extremamente sensual, mas um sensual em uma medida bem boa.

É muito mais agradável acompanhar a história com aquele tipo de personagens do que com fodidões como Stallone ou tio Schwarza. :B

Definitivamente é bem diferente do que se vê por aí. Nada de revolucionário ou coisa assim, mas um dos filmes de ação mais insanamente divertidos e contemplativos que eu me lembre.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Filmes Vistos - Março de 2011




Os com um asterisco ao lado são os revistos.

01. Robocop (Paul Verhoeven, 1987) - 3/4
02. O Ataque dos Vermes Malditos (Ron Underwood, 1990) - 3/4 *
03. Robocop 2 (Irvin Kershner, 1990) - 3/4
04. Espinhos (Toby Wilkins, 2008) - 3/4
05. Gattaca - A Experiência Genética (Andrew Niccol, 1997) - 3/4
06. Mad Max (George Miller, 1979) - 3/4
07. Mad Max 2 - A Caçada Continua (George Miller, 1981) 3/4*
08. A Mentira (Will Gluck, 2010) - 3/4
09. Duro de Matar 2 (Renny Harlin, 1990) - 3/4
10. Alice no País das Maravilhas (Tim Burton, 2010) - 0/4
11. Enrolados (Byron Howard, Nathan Greno, 2010) - 3/4
12. Lunar (Duncan Jones, 2009) - 3/4
13. O Ritual (Mikael Hafstrom, 2011) - 2/4
14. Rambo - Programado Para Matar (Ted Kotcheff, 1982) - 3/4
15. Evangelion: Death and Rebirth (Hideaki Anno, Kazuya Tsurumaki, 1997) - 3/4
16. Matrix (Andy Wachowski, Lana Wachowski, 1999) - 3/4 *
17. The end of Evangelion (Hideaki Anno, 1997) - 3/4
18. Tropas Estelares (Paul Verhoeven, 1997) - 4/4 *
19. A Outra História Americana (Tony Kaye, 1998) - 3/4
20. Ratatouille (Brad Bird, 2007) - 3/4 *


Melhor filme inédito do mês: A Mentira
Melhor filme revisto do mês: Tropas Estelares
Diretor do Mês: Paul Verhoeven